Osamu Tezuka é um homem que revolucionou a vida dos mangás. Seus personagens entraram em "crossover" com os de Mauricio de Sousa, um velho amigo, em 2012, mesmo anos após sua morte.
Conheceu o mestre dos quadrinhos brasileiros pouco tempo antes de morrer.
Biografia[]
Primeiros anos[]
Nascido em Toyonaka, distrito de Osaka, a família mudou-se para Takarazuka quando ele tinha apenas cinco anos.
Seus pais estimulavam muito a criatividade dos filhos (ele tinha um irmão e uma irmã mais novos). Sua mãe levava-os para concertos e para as peças do famoso Teatro de Takarazuka e seu pai tinha um projetor de filmes em que exibia, por exemplo, O Gato Félix, O Marinheiro Popeye, Betty Boop e Mickey Mouse. Influenciado por animações da Max Fleischer e Walt Disney, mais tarde Tezuka diria que assistiu à Bambi mais de 80 vezes.
Já nessa época ele fazia histórias em quadrinhos e criava personagens, muitos dos quais baseados em seus amigos e professores, ou, como o Higeoyaji, baseado em um desenho que um amigo fez do próprio pai. Quanto aos amigos, se inicialmente ele tinha problemas com as crianças da mesma idade, pouco depois participava dos clubes de história, geografia e música na escola e chegou mesmo a criar um clube para estudos sobre insetos. Ao andar pelos campos de Takarazuka para recolher e estudar insetos, ele adquiriu o senso de preservação do meio ambiente que apareceria posteriormente.
Quando se iniciou a Segunda Guerra Mundial, Osamu tinha onze anos e acabou trabalhando em uma fábrica nos anos finais desta. A guerra marcaria sua visão de mundo e a paz e o apreço à vida se tornariam valores defendidos por ele em suas obras.
Entrando no mundo dos quadrinhos[]
Em 1945, então com dezessete anos, Tezuka se iniciou como médico na Universidade de Osaka. E nessa época conhece Sakai Shichima que pouco depois, pede para ele desenhar um mangá em formato akabon (livro vermelho do tamanho de um cartão postal) baseado na história escrita por Sakai, Shin Takarajima (Nova Ilha do Tesouro), que acabou vendendo 400.000 cópias e trazendo alguma fama a Tezuka. Mas o início de sua carreira como desenhista de mangá se dá em 1946, um ano antes da publicação de Shin Takarajima, quando ele começa a escrever a yonkoma O Diário de Ma-chan no jornal Shokokumin Shimbun (Jornal das crianças da escola de Mainichi).
Tendo realizado ainda alguns trabalhos em Osaka, Tezuka resolveu mudar-se para Tóquio onde achava que seria mais fácil publicar suas próprias obras. Teve suas expectativas frustradas até que um amigo lhe ofereceu uma chance e em 1950 surgia Jungle Taitei (Kimba, o Leão Branco, no Brasil).
A partir do sucesso de Kimba, pôde publicar outros sucessos sem tantas dificuldades e acabou chegando à Tetsuwan Atom (conhecido também por Astro Boy), sua obra mais famosa. O sucesso foi tanto que resolveu realizar um antigo sonho: fazer uma animação nos moldes das animações de Walt Disney. Formou um estúdio próprio em 1961, com o nome de Tezuka Osamu Production, depois chamado Mushi Production, e criou a série de desenho animado de Atom, uma das primeiras animações da televisão japonesa, que daria origem a uma explosão de animações (ou animes). Na vida pessoal, se formou como médico em 1951 e apesar de alguma dúvida manteve seu foco em gibis. Oito anos depois casou-se com Okada Etsuko, com quem teria um filho e duas filhas.
Vinda ao Brasil e morte[]
Já firmado e famoso como artista, Tezuka procurou divulgar os quadrinhos japoneses ao redor do mundo e aumentar as relações entre os autores de diversos países, foi assim que conheceu o francês Moebius e se tornou amigo pessoal do cartunista brasileiro Maurício de Sousa, que criou um roteiro misturando os personagens do mestre dos mangás com a ajuda de Petra Leão e Marcelo Cassaro.
Com dores no abdomên, Tezuka foi internado e acabou morrendo de câncer de estômago aos sessenta anos, em 1989.
Legado[]
Sua grande produtividade e suas técnicas e gêneros pioneiros transformaram o mundo das histórias em quadrinho no Japão. Ele não é o inventor dos mangás, ele é o autor que os popularizou. O desenho de Tezuka é facilmente identificável: o traço é claro, as imagens, simples, o enquadramento cinematográfico e o humor têm sempre seu lugar. O autor nunca hesita em se colocar em cena, com sua silhueta reconhecível principalmente por sua boina e seus óculos grossos. Ele, no entanto, não se coloca sempre em bons papéis e é expulso de cena às vezes.
Uma indicação de sua produtividade: a sua obra completa publicada no Japão reuniu cerca de 400 volumes, mais de 80.000 páginas (na verdade, sua obra completa chega a mais de 700 mangás com mais de 150.000 páginas). A grande maioria dessas obras nunca foi traduzida do original japonês e continua inacessível aos leitores do Ocidente.