Pinduca era um coelhinho preto que Mauricio de Sousa ganhou ainda criança, por volta de 1945.
Na vida real[]
Maurício ganhou o coelho no tempo em que morava com sua avó, numa casa em Mogi das Cruzes. O maior encanto da casa eram os grandes porões. Havia quase outra casa por baixo da principal, com direito a janelinhas para a rua e salas, quartos, corredores se repetiam na quase escuridão dos porões.
Pinduca, logo que cresceu, ficou esperto e companheiro como um cachorrinho. Atendia ao chamado pelo nome, comia na minha mão e dava seus pulinhos pela casa toda sem fazer sujeira. Depois sumia. Mauricio sabia que ele estava no porão e ia atrás. Às vezes custava encontrá-lo, pretinho como era, na semi-escuridão.
Mas era só ele ficar bem quietinho que já ouvia seu barulho peculiar: o de escavar lá atrás do ruído e encontrava mais um túnel que ele ia abrindo. O porão já estava que era túnel atrás de túnel. Pinduca não descansava.
Uma vez que a atividade era essa, às vezes Mauricio brincava de cavar também. Mas com objetivo diferente: sua avó e a família toda o contavam que naquela casa havia morado uma prima deles, ligada a experiências espiritualistas, e que em certa ocasião, durante essas experiências, o marido dela entrou em transe, pegou um pote que havia na casa, cheio de moedas de prata, desceu ao porão, enterrou tudo, voltou para a “reunião”, saiu do transe e nunca mais se lembrou do lugar onde havia enterrado o tesouro da família. Assim, enquanto o Pinduca cavava suas tocas com um impulso instintivo de acasalamento ou para desbastar dentes e unhas, ele esburacava do outro lado atrás do pote de prata. Jamais encontrou nada. Mas, em compensação, quase botaram a casa abaixo. Começaram a aparecer fissuras nas grossas paredes, infiltrações, e seu avô, finalmente, desceu um dia, ao porão para investigar os motivos. Sua lanterna iluminou as galerias que se espalhavam por todo lado, inclusive sob os alicerces. A casa ia cair se o Pinduca e Maurício continuassem a trabalhar mais um pouco.
Mas não continuaram. Seu avô selou a grande entrada do porão com uma forte porta montada por ele mesmo ali, na hora, com madeiras grossas. Pinduca e Maurício ficaram olhando enquanto ele trabalhava, despedindo-os da atividade a qual já tinham se acostumado. Pouco depois, Pinduca sumiu misteriosamente. O pote de prata ainda deve estar guardado no porão.
Nos quadrinhos[]
Nos quadrinhos, Emerson Abreu criou um coelho preto para o Xaveco chamado Pinduca, que esburacava todo o chão em busca de um tesouro.
- Na realidade, o Pinduca dos quadrinhos estava servindo o Pirata Fantasma que havia ressuscitado-o da morte e partiu para encontrar o corpo de seu mestre.